domingo, 24 de abril de 2016

Essa será uma carta de amor de tempos contemporâneos, onde ao contrario de selos e longa espera, apesar da distância, tais palavras que acolhem e trazem o traço de saudade irão chegar até você através de fios invisíveis na teia de conexões virtuais. Enfim, essa carta que chega adiantada e atrasada no tempo vem trazer consigo dois ou três versos para se eternizar.

Posso começar pelo fim porque sei que nossa história nunca quis seguir a ordem formal das coisas. Obrigada por vir compartilhando tantos dias, contos, memórias, paisagens, sabores comigo. Definitivamente, esse é o voo mais longo e bonito que venho tendo nessa vida minha. Não lembro exatamente o dia em que nos jogamos no ar, só sei que antes mesmo disso aprendemos a darmos a mão um para o outro e a olharmos uma ao outro com a ternura de um sempre primeiro encontro. E a gente se jogou no mundo e vem se jogando no mundo sempre de mãos datas, e você me leva e eu te levo e a gente se leva e eleva a vontade de voar. Sim, somos passarinhos. Não mais em nossos ninhos, somos passarinhos aprendendo a voar, voar juntos. E mesmo, que alguns ventos de direções confusas tentem nos desviar para rotas distintas nós sempre iremos encontrar um jeito de continuar nosso voo da maneira mais bonita possível, porque tudo o que floresce entre nós é generoso, é amável.

Que seja terreno frutífero nosso coração. Não quero  as histórias que nos fizeram chegar até aqui sejam esquecidas, ou que nós não queiramos compartilha-las. Só precisamos assumir o ineditismo da vida, tudo que foi não necessariamente será e o que não foi um dia poderá ser. Que sejam bom todo bom dia, que seja cedo toda tarde, que seja de lua todas as noites. Que seja peculiar aquilo que parece estranho, que seja mistério o que soaria segredo, que seja vontade o que parece dependência, e que seja breve o que se eterniza. Que sejam outonos na rede, verões no mar e dias de chuva em silêncio, primaveras cheia de flores. Que não seja nunca medo, angústia ou qualquer outra coisa que careça de luz para sobreviver.

Hoje mais que nunca te espero chegar, de uma maneira diferente em um lugar que eu não sei decifrar. Que seja leve, que sejamos abraços. Que sejamos passarinhos a voar pelo céu de um lugar cheio de encantos. Que seja bem-vindo o seu sorriso.

ps: a passarinhar, a vida a levar. o meu amor está prestes a chegar. o meu amor a me levar para ver o mar. Pacifico.

http://letras.mus.br/leo-fressato/nao-ha-nada-mais-lindo/

tutu.

domingo, 27 de março de 2016

despidos suspiros


Provoquei as lembranças, ouvi o ontem, bem vindo amanhã.
Lembrei nós dois, primeiro ontem, nada de olho no olho, apenas sorriso no sorriso. Acho que foi isso que guardei bem de você, mesmo eu, pequena sereia, fora d'água, não querendo guardar nada. Nem segredo, nem mistério, nem lugares seguros. Era tudo muito cinza por aqui, mar turbulento, noite escura e fria. Nem lua cheia enchia o peito, desfocados. Trocamos duas palavras, continuamos cada um do seu lado. Lado esse, barreira entre nós. Desconhecidos, desconectados. Particular acaso, destino traçado de aprender o que é o viver. Intensas paixões levam a lugares indecifráveis, longe de qualquer entendimento humano, surreal. Lá onde as chances de precipícios atirarem-se em nós chega a todo instante. Lá no incansável martelar das horas, dos planos, das expectativas falhas de futuros incertos. Penetrante, incansável, eloquente. Catei estrelas, cobri muros de palavras suadas, de rios sem rumo, sem foz. Caí uma ou duas vezes, não lhe tinha, não me tinha, era eu um barco furado, um mar de silêncio e só. Baú. Saudade de quê? O que é bom, a gente leva em lugares seguros, muito além das tempestades e estiagens provocadas pelo tempo, desuso, mal uso do solo. Não mais infértil, subi ladeira, arrastei dois morros, vi de longe alguém chegar. Não minto, medo de escalar. Muita lama nos pés. Receio de magoar, de não saber sonhar, de não saber doar, se dar. Ah, o ar. Quis dizer não, pensei. Fui pra longe, fugi. Pegastes meu passo, tão longe e tão perto. Cadê? Pensei, canoa bem, canoa no mar. Jangadas sem velas, canoa a gente rema, rema junto, mesmo contra a maré, canoar junto, canoará, canoarei, canoaremos. E foi assim, um sim, desde a lua cheia do fim de agosto, caminhei sozinha ao encontro dela, lá vi você chegando, e  sentindo, quis lhe procurar, quis saber o que queria achar. achei. Hoje, não consigo encontrar passo mais brando, mais seguro, mais compassado junto com o meu. Fecho os olhos e só encontro bem querer, jardim regado, arado. Presente diário, feito de chama nutrida por dois, por nós, que laçam dois mundos, dois destinos e hoje dois passados, ainda recortados, mas pretérito. Não quero nada a mais do que possa levar, mas digo: posso muito além do que desconfiar, posso e quero. País das maravilhas, certezas incertas, bolas de sabão, nuvens coloridas num fim de tarde, desejo muito mais que sorrisos, quero verdade, sensações, quero falhas também, erros acertos, quero o bom, o pior, mas quero. E não lhe digo coração em bandeja, isso fere, lasca. Falo de coisas no lugar onde devem estar. Senta aqui, ouve o meu silêncio, decifra meu olhar, fala além do que eu possa compreender, não me diz nada e me conta tudo. Sem pedidos, não quero nada só quero tudo e ainda mais, se for pra ser. Então. Sem sentido, com sentido, sentimentos. Entrelinhas, entre linha, costurados, atados, assim, por invisíveis fios prateados, de luz clara, manso regado de flor. Brilhou o sol, brilhou os olhos, brilhou meu tempo de ser eu e ter o que tiver de bom pra dar, meu acreditar. Sim, minha oferenda a nós, o acreditar. Nada mais lindo do que a saída de ar de pulmões cheios de céu. Céu esse feito de horizontes mais bonitos, de sonhos sonhados juntos, de balões no ar, menina no balanço, pipa a flutuar. Adoro ver você chegar, de me deixar levar. Me leve. É leve, brisa mansa, caminhar e sempre esperar você voltar... 






domingo, 13 de março de 2016



essas marcas cabisbaixas, pra tantos invisíveis, guardam memórias de muitos festivais.





deixa a maré se encher de calma.





e será feito um castelo, aquele lugar que couber seguro nosso coração.





ter um coração cheio de paisagens bonitas pra contar.




tempo, corres no passo a valsa que viemos ensaiando desde a última estação para não, caro tempo, descompassar esse meu coração que acordou imerso em despedidas.